quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Corpo de Niemeyer deixa aeroporto no Rio para ser velado em Brasília


Arquiteto morreu na quarta-feira (5), aos 104 anos; velório será no Planalto.
Enterro está marcado para sexta (7), no Cemitério São João Batista, no Rio.



O corpo de Oscar Niemeyer chegou às 12h20 desta quinta-feira (6) à Base Aérea do Terceiro Comando Aéreo Regional (Comar), no Aeroporto Santos Dumont, no Centro do Rio de Janeiro, e seguiu de avião, minutos depois, para Brasília, onde será velado no Palácio do Planalto. A previsão é que o avião chegue à base aérea da capital federal às 14h20, de onde sairá em carro aberto do Corpo dos Bombeiros pelo Eixo Rodoviário, que liga as asas do plano piloto de Brasília, até a Esplanada dos Ministérios.
Oscar Niemeyer, que completaria 105 anos no dia 15, morreu às 21h55 de quarta (5), em decorrência de infecção respiratória, no Hospital Samaritano, no Rio.
A assessoria da Presidência da República informou pela manhã que o corpo de Niemeyer será velado no Palácio do Planalto, projetado pelo próprio arquiteto, e sede do governo federal, em Brasília, das 15h às 20h.
Das 15h às 16h, o velório será aberto apenas para autoridades e jornalistas. Depois, das 16h às 20h, a cerimônia será aberta ao público. O corpo subirá a rampa do palácio acompanhado pelos Dragões da Independência, unidade que pertence ao Exército e faz a guarda da presidente.
Por volta das 21h, o corpo volta para o Rio, para velório no Palácio da Cidade, que só será aberto ao público a partir das 8h de sexta (7). Às 16h de amanhã, segundo Ana Lúcia Niemeyer, neta do arquiteto, haverá um ato ecumênico no mesmo local. O enterro será às 17h30, no São João Batista.
De acordo com o bisneto do arquiteto Paulo Niemeyer, que estava no Aeroporto Santos Dumont, dezesseis familiares acompanham o corpo no voo para Brasília. Ele informou ainda que outra parte da família já seguiu para Brasília em um voo das 10h e que às 15h um jatinho levará outros parentes para a capital federal.
Familiares fazem missa no Rio
Mais cedo, amigos e familiares realizaram uma missa em homenagem ao arquiteto. A cerimônia, realizada no Hospital Samaritano, em Botafogo, Zona Sul do Rio de Janeiro, começou por volta de 9h30 e durou cerca de 20 minutos. "Posso dizer que perdi a pessoa que eu mais gostava no mundo, meu amigo. Perdi tudo", disse a esposa, Vera Lúcia, muito emocionada.
O arquiteto morreu às 21h55 de quarta. Ele estava internado no Samaritano havia pouco mais de um mês. Após a morte, o corpo foi levado para ser embalsamado na Santa Casa de Misericórdia de Inhaúma, no subúrbio, de onde saiu por volta de 7h desta quinta, de volta ao hospital.
Repercussão
Em nota, a presidente Dilma Rousseff lamentou a morte de Niemeyer e disse que "poucos sonharam tão intensamente e fizeram tantas coisas acontecer como ele". "Niemeyer foi um revolucionário, o mentor de uma nova arquitetura, bonita, lógica e, como ele mesmo definia, inventiva". O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em nota divulgada pelo Instituto Lula, afirmou que Niemeyer "ficará sempre entre nós, presente nas linhas dos edifícios que plantou no Brasil e em todo o mundo".
Dezenas de outros políticos, arquitetos, artistas, apresentadores, jornalistas e personalidades brasileiras se manifestaram sobre a morte de Oscar Niemeyer. (Leia o que familiares, amigos e famosos disseram sobre o arquiteto.)
Infográfico Niemeyer (Foto: Arte/G1)
Luto oficial
Horas após a confirmação da morte, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, foi até o hospital para cumprimentar parentes do arquiteto. Ele disse que o último encontro com Oscar Niemeyer aconteceu há três meses. "Perdemos um grande brasileiro. Ele acreditou até o fim nos seus ideais. Jantei com ele há três meses e ele só falava de futuro", disse.
Paes decretou luto oficial de três dias no Rio. Em nota divulgada na noite de quarta, o prefeito lembrou as principais obras do arquiteto na cidade. "Um dos maiores gênios que o Brasil deu ao mundo, Oscar Niemeyer foi mais do que um arquiteto brilhante e inovador que desafiou a lógica e contorceu as formas para criar verdadeiras obras de arte. Ele construiu marcos e deixou a sua marca na paisagem e na história de nosso país. Carioca, ele tinha com o Rio de Janeiro uma relação especial - Niemeyer deu à Cidade Maravilhosa o templo da folia, onde a maior de todas as festas acontece", diz a nota.
"Como prefeito do Rio, apaixonado por Carnaval e admirador do trabalho de Niemeyer, sinto-me honrado por a cidade ter concluído o projeto original do Sambódromo e, com isso, ter podido realizar o que o próprio mestre chamou de um sonho antigo. O Brasil e o mundo perderam hoje um homem que dedicou toda a sua vida a produzir beleza. Mas o que ele criou ficará entre nós como a lembrança de um grande carioca que fez a diferença", concluiu o prefeito em seu comunicado.
'Só falava em viver'
O médico Fernando Gjorup disse, na noite de quarta-feira, que Oscar Niemeyer conversou com a equipe médica sobre a vontade de realizar novos projetos, mesmo aos 104 anos. Segundo ele, o arquiteto só perdeu a consciência pela manhã, após ser sedado. O médico, que cuidou dele por 15 anos, afirmou que Niemeyer pouco falava sobre a própria saúde.
"Antes dessa internação, ele chegou a conversar com a equipe sobre novos projetos. Ele não gostava de falar sobre a saúde dele, mas sabia que já tinha passado da metade da vida. Ele nunca falou sobre morte, só falava em viver. A equipe médica tinha esperança, mas havia a fragilidade de um senhor de 104 anos", disse Gjorup.
Segundo a equipe médica, o arquiteto apresentou piora progressiva nos últimos dois dias. O arquiteto era submetido a hemodiálise e seu estado imunológico já era deficiente. Cerca de 10 familiares estavam na Unidade Coronariana do hospital quando Niemeyer morreu.
Histórico de internações
O arquiteto foi internado várias vezes ao longo dos últimos anos. Em 2006, ele teve de ficar no hospital por 11 dias após sofrer uma queda e passar por uma cirurgia.
Em 2009, o arquiteto ficou internado por 24 dias no Hospital Samaritano, entre setembro e outubro, após sentir dores abdominais. Ele chegou a passar por uma cirurgia para retirar um tumor no intestino grosso, uma semana depois de ter sido operado para a retirada de um cálculo na vesícula.
Em junho do mesmo ano, o arquiteto foi internado no hospital Cardiotrauma de Ipanema, também na Zona Sul, queixando-se de dores lombares. Ele passou por uma bateria de exames e recebeu alta médica algumas horas depois. Na ocasião, exames de sangue e uma tomografia indicaram que Niemeyer estava apenas com uma lombalgia.
Em 2010, Niemeyer também foi internado em abril, devido a uma infecção urinária.
Em abril de 2011, o arquiteto ficou internado por 12 dias por causa de infecção urinária. Também já foi submetido a cirurgias para a retirada da vesícula e de um tumor no intestino.
Em maio deste ano, Niemeyer também esteve internado, quando deu entrada com desidratação e pneumonia. Depois de 16 dias, com passagem pela UTI, recebeu alta.
No dia 13 de outubro, o arquiteto deu entrada no Hospital Samaritano após sentir-se mal, apresentando um quadro de desidratação. Ele ficou internado por duas semanas.
A última internação foi em 2 de novembro, quando voltou ao Samaritano, seis dias depois de ter recebido alta. Desta vez, Niemeyer foi submetido a tratamento de hemodiálise e fisioterapia respiratória.
Trabalho para festejar 104 anos
Autor de mais de 600 projetos arquitetônicos, Niemeyer decidiu festejar os seus 104 anos do jeito que mais gostava: trabalhando em seu ateliê de janelas amplas diante da Praia de Copacabana, na Zona Sul do Rio.
Em agosto de 2011, ele lançou o livro "As igrejas de Oscar Niemeyer" (Editora Nosso Caminho), na galeria de um shopping da Zona Sul do Rio.
Embora ateu convicto, o arquiteto selecionou fotos e desenhos das 16 obras religiosas, entre capelas e igrejas, que realizou ao longo de sua carreira.
"As pessoas se espantam pelo fato de, mesmo sendo comunista, me interessar pelas igrejas. E a coisa é tão natural. Eu morava com meus avós, que eram religiosos. Tinha até missa na minha casa. E eu fui criado num clima assim. Esse passado junto da família me deixou com a ideia de que os católicos são bons, que querem melhorar a vida e fazer um mundo melhor", explicou na ocasião.
Destaque na arquitetura mundial
Niemeyer foi um dos arquitetos mais premiados e influentes do mundo. Seu trabalho, sempre cheio de curvas em concreto que tornavam seu estilo inconfundível, marcou a paisagem urbana do Brasil e de outros países.

Com Informações G1

Nenhum comentário:

Postar um comentário